Reflexões após o 28 de abril

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Confiram artigo da presidente do ATENS SN, Rosário Oliveira, sobre a greve geral do dia 28 de abril.

Vários pontos destas “modernidades” da reforma trabalhista me lembraram algumas reportagens e artigos que li recentemente sobre o moderno mundo do trabalho no Japão. O índice de suicídio no Japão tem aumentado fortemente, especialmente entre os jovens por causa do stress. As mortes por excesso de trabalho são, hoje, um problema tão grande no Japão que são descritas como “karoshi”. Em dezembro de 2015, uma jovem de 24 anos se suicidou. Antes de se matar, Takahashi deixou um bilhete para a mãe, no qual escreveu: “você é a melhor mãe do mundo, mas por que tudo tem que ser tão difícil?”. E isto foi comprovado, ao ponto do presidente da empresa renunciar.

Especialistas acreditam que o aumento nos índices de suicídio “karoshi” se deve ao crescimento das condições precárias de emprego, em que jovens são contratados por curtos períodos de tempo. No Japão o emprego era vitalício. Hoje cerca de 40% dos jovens não encontram mais empregos estáveis.

Um dos pontos, que é a espinha dorsal da reforma, permite que o acordado prevaleça sobre o legislado. Isto tira a força do trabalhador, pois a empresa poderá intimidar o trabalhador a aceitar um acordo, que não precisa ser mediado pelo sindicato, o que fragiliza mais ainda a condição de reivindicação do trabalhador.

As férias poderão ser divididas em até três períodos, sendo que um dos períodos não pode ser inferior a 14 dias corridos e os períodos restantes não podem ser inferiores a cinco dias corridos cada um. A reforma também proíbe que o início das férias ocorra no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Isto beneficia apenas o empregador.

Daquele que trabalha acima de seis horas num dia poderá ser exigida apenas meia hora de intervalo para repouso e alimentação. E a saúde?

A reforma autoriza a prestação de serviços descontinuada, ou seja, o trabalhador poderá ser contratado por apenas alguns dias da semana ou trabalhar apenas algumas horas por dia, negociadas com o empregador. A empresa poderá avisar ao funcionário, com apenas três dias de antecedência, de que precisará de seus serviços. E o período de inatividade não será considerado tempo de trabalho e o trabalhador poderá prestar serviços a outros contratantes. Daí, o trabalhador não poderá programar os dias e horários de trabalho e nem quanto terá de salário no final do mês. Isto vai gerar ainda mais insegurança, stress e depressão!!

Por isto, me impressiono em, ainda, ver pessoas esclarecidas que duvidam da legitimidade desta paralisação de hoje e chamam a nós e nossas lideranças de vagabundos!! Se esquecem de que todas as conquistas sociais do mundo custaram a força e determinação de milhões de vagabundos; às vezes até a morte. Se o país não acordar contra esta cortina de fumaça que estão tentando espalhar entre os brasileiros, os trabalhadores continuarão a dormir no chão, enquanto uma minoria permanecerá dormindo em berço esplêndido!!