Fora, Temer. Diretas já!

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A noite de ontem, quarta-feira, começava a cair quando uma bomba tomou conta do noticiário em todo o país. A delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, do frigorífico JBS, explicitou o protagonismo de Michel Temer nos esquemas e negociatas da Operação Lava Jato. Não bastasse ter oito de seus ministros envolvidos até o pescoço, as gravações dos irmãos Batista alçaram o presidente para a linha de frente no escândalo. E colocaram um ponto final em um governo alicerçado em achaques, chantagens, golpes e corrupção.

Não há mais espaço para Michel Temer na Presidência da República. Jornalistas que até poucos dias atrás ainda tentavam argumentar a favor do presidente-tampão passaram a admitir que o governo está em seu epílogo. Aliados de primeira hora já tratam de desembarcar desse navio que ruma para o naufrágio. Não se imagina, sequer, outro traumático processo de impeachment. Não. A ordem do dia é “Renuncia, Temer”. Não dá para perder tempo.

O escândalo que se abateu no Palácio do Planalto revelou a fragilidade e a inépcia de um presidente que, tão logo assumiu o poder, não teve pudor em abrir seu saco de maldades contra o povo. Começou com a PEC 241, a “PEC do Fim do Mundo”, até chegar nas reformas trabalhista e da Previdência. Medidas que, em sua totalidade, tinham como condão a retirada de direitos conquistados pelos brasileiros após décadas de luta e a exploração cada vez maior dos trabalhadores, dos servidores públicos e de uma parcela da população que, historicamente, sempre foi marginalizada pelos poderosos.

Antes mesmo do terremoto de ontem à noite, a popularidade de Temer já estava em queda livre. Pesquisas recentes mostraram que o presidente não era aprovado nem por 10% da população. Nocauteado, Temer já estava nas cordas, apoiado apenas pela mídia e por uma classe empresarial conservadora e egoísta em sua essência, ávida pela manutenção do status quo e pelo estabelecimento de uma democracia sem povo.

Tudo isso evidencia, mais do que nunca, a total ilegitimidade das reformas apresentadas por Michel Temer. Que, devido ao clamor popular – vide as manifestações de março e a greve geral de 28 de abril –, já balançavam o Congresso. Nas últimas semanas, o presidente partiu para a chantagem explícita, por meio de agrados e concessões para deputados e negociando o perdão de dívidas previdenciárias bilionárias com municípios, empresários e ruralistas. Agora, nem mesmo isso trará resultados.

Nesta quinta-feira, o Brasil irá de novo às ruas. Protestos já estão sendo marcados em todas as capitais do país contra um governo espúrio, eivado desde seu nascimento pela corrupção e por suas relações promíscuas com os donos do poder. E o ATENS, cumprindo seu compromisso de sindicato cidadão, ciente de suas responsabilidades perante seus filiados e perante a sociedade, lá estará. De mãos dadas com o povo, lutando por um país mais justo. Por um país livre de desmandos e de reformas que sempre tiveram um único significado: opressão.