Cancellier, presente!

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Seis de dezembro de 2017

Hoje, pela manhã, acordamos estarrecidos com a notícia de que a Polícia Federal realizava uma operação ostensiva na Universidade Federal de Minas Gerais. Sem qualquer intimação prévia, sem antes ouvir, conduziu, de forma coercitiva, o reitor, Professor Jayme Ramirez; a vice-reitora, Sandra Goulart; o ex-reitor, Professor Clélio Campolina; a ex-vice-reitora, Heloisa Starling; além de outros professores da instituição.
A operação, denominada de “Esperança Equilibrista” como uma alusão à composição “O Bêbado e o Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, e que na voz de Elis Regina se tornou um grito de combate à ditadura militar, foi justificada com o objetivo de investigar eventual desvio de recursos públicos para a construção do Memorial da Anistia Política do Brasil.
Veja bem, não se trata aqui de uma indignação com as investigações da Polícia Federal, estamos falando de um completo desrespeito aos direitos democráticos de todos os envolvidos e a realização de um grande espetáculo midiático que só serve para criminalizar a Universidade. Não há qualquer justificativa, a não ser a de constranger os envolvidos, para a arbitrariedade aplicada pela PF com a condução coercitiva.
Tanto esse caso, como o que culminou no suicídio do ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, são provas do que acontece quando nossas garantias democráticas são violadas por um governo ilegítimo, autoritário e desacreditado. O abuso de autoridade demonstra um atual Estado de Exceção e de insegurança para todos nós, servidores públicos.
O Atens se solidariza com os que foram hoje humilhados publicamente e conclama a todos a não deixar que esse espetáculo midiático promovido hoje criminalize a Instituição e desmonte tudo o que a mesma representa para o nosso país. Torcemos para que a composição de João Bosco e Aldir Blanc seja melhor compreendida, e que “uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente, a esperança”.

Diretoria do ATENS Sindicato Nacional